O presente estudo situa-se no campo da História da Educação, mais especificadamente, no contexto da educação colonial brasileira, na transição do século XVII para o século XVIII. Teve como objetivo central analisar as estratégias de dominação dos escravos africanos por meio de sermões e catecismos, com enfoque no catecismo das Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia, este último como um importante instrumento de formação religiosa e letramento, mas, também, como um instrumento de manipulação ideológica e legitimador do projeto escravista-cristão. Partindo do pressuposto de que os sermões e os catecismos eram elaborados de forma pensada e que tinham como finalidade convencer os fiéis, buscou-se alguns condicionamentos históricos e teológicos que pudessem ter influenciado a Igreja Católica a pensar em recursos convincentes, a exemplo das instruções catequéticas específicas para os negros cativos, elaboradas depois do levante de Palmares. A partir de revisão bibliográfica dos clássicos sobre os conteúdos em pauta, no confronto das teorias e na análise documental, conclui-se que, ao estabelecer discursos e criar uma forma da doutrina cristã direcionada aos habitantes da colônia, como uma breve instrução dos mistérios da fé para os negros escravos, a Igreja conciliou interesses cristãos, econômicos e políticos, e o catecismo expedido pelas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia mostrou ser um documento ideologicamente elaborado que objetivava a manipulação destes grupos e seu conformismo diante da escravidão.