PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INSTITUCIONALIZADAS: DESAFIOS DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
Dayane Camporeze Rodrigues, Marcos Cezar de Freitas
Resumo
No município de São Paulo, tivemos desde 2010 um aumento gradativo no número de jovens e adultos com deficiência institucionalizados acessando os diferentes espaços escolares na Educação de Jovens e Adultos. Suas trajetórias revelam experiências marcadas pela violação de seus Direitos Humanos e a negação da possibilidade de convivência e participação plena numa vida em sociedade. Esta pesquisa visa recuperar a trajetória de escolarização tardia de pessoas com deficiências institucionalizadas, que são pessoas provenientes de instituições e serviços de residência terapêutica. Com isso, queremos elucidar a presença e o impacto da experiência de institucionalização nas trajetórias de escolarização de jovens e adultos com deficiência matriculados no Centro Integrado de Educação de Jovens e Adultos (CIEJA) Itaquera, uma unidade educativa localizada na Cidade de São Paulo - Brasil. Para realizá-la foram identificados estudantes da EJA que vivem em instituições e que atualmente, estudam no CIEJA Itaquera. Nesse contexto, optamos por conhecer os diferentes espaços e dialogar com as educadoras responsáveis desses locais com o objetivo de trazer à tona as narrativas dessas pessoas com deficiência e conhecer o percurso que permitiu que esses sujeitos acessassem à Educação. As situações são analisadas nesta pesquisa com base em Pierre Bourdieu (2005). A relação das personagens com as instituições é analisada com base na perspectiva de Erving Goffman (2010) que descreve a experiência pessoal em instituições totais e considera que nesses espaços os indivíduos ficam separados da sociedade levando uma vida fechada e formalmente administrada. O conhecimento da singularidade e a identidade do público adulto que tem acesso às políticas de EJA da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo foi abordado nesse estudo. Pudemos analisar o histórico das instituições e assim levantar o impacto dessa trajetória na vida dessas pessoas com deficiência que desconheciam o contexto educacional. As educadoras participantes relataram a perspectiva que se têm com relação os estigmas dessas pessoas institucionalizadas, compartilhando suas expectativas numa Educação Inclusiva que respeite a diversidade. Finalizamos a pesquisa ratificando as contribuições de uma sociedade que defenda o direito de todos estarem juntos e que confrontem práticas segregacionistas e discriminatórias exigindo mudanças sociais, sobretudo, vivenciando experiências concretas de convivência.
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