Congresso Internacional e Congresso Nacional Movimentos Sociais & Educação, Vol. 1, No 1 (2021)

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AS PRÁTICAS DE LETRAMENTO NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL

Adailton Pereira Anunciação

Resumo


A prática da leitura constitui-se numa imprescindível orientação metodológica para a apropriação dos conhecimentos necessários para uma formação escolar eficiente. No caso da educação profissional, tal formação não se limita ao trabalho com textos específicos, é necessário também analisar os discursos e caracterizar os sujeitos que compõem a proposta para compreendermos melhor as condições da formação técnica. Daí a necessidade de analisar quais discursos permeiam as práticas de letramento dos cursos técnicos profissionais voltados para jovens e adultos os quais já possuem uma relação com o mundo do trabalho. Acredita-se que o trabalho com a leitura deve oportunizar não somente o conhecimento das técnicas específicas, mas também deve promover embates discursivos onde o aluno se vê como um sujeito capaz de refletir sobre as condições da formação técnica proposta e do seu processo de construção identitária frente aos saberes construídos/identificados no decorrer do curso. Lembrando que estes alunos, são jovens e adultos que, além de já apresentarem níveis de letramentos, possuem experiências e aprendizados que devem ser consideradas nas atividades de letramento. Assim, propõe-se uma pesquisa qualitativa tendo como suporte teórico a Análise do Discurso no intuito de analisar as propostas de letramento no contexto da Educação Profissional em nível médio e verificar se tais práticas anulam/consideram ou não o sujeito-aluno com sua bagagem de conhecimento e experiências e promovem um embate discursivo sobre a relação: sujeitoformação técnica-mundo do trabalho. Escolhemos uma metodologia de pesquisa qualitativa, tendo como corpus, textos trabalhados em disciplinas específicas e materiais de suporte teóricometodológico oficiais utilizados no processo de divulgação/implantação da Educação Profissional. Assim, considerando a importância de ampliar o debate sobre práticas de letramento na escola, o presente trabalho mostra que a visão restrita sobre este termo limita o trabalho docente ao ponto do mesmo: a) não proporcionar uma situação mais crítico-reflexiva sobre as condições de formação do sujeito-técnico considerando os discursos políticos que permeiam a proposta do curso; b) não propor um debate sobre as concepções ideológicas que subjaz as materialidades discursivas utilizadas nos cursos técnicos; c) não considerar devidamente os níveis de letramento dos jovens e adultos no seu próprio processo de formação técnica em prol de um predomínio de uma saber institucionalizado .

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