Congresso Internacional e Congresso Nacional Movimentos Sociais & Educação, Vol. 1, No 1 (2021)

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EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS: DESCOLONIZANDO CURRÍCULOS

Janes Aparecida Xavier da Silva Neves, Adelice Pereira de Jesus

Resumo


Historicamente silenciados os saberes populares indígenas, afro-brasileiros e africanos no contexto brasileiro são os principais agentes de resistência não colonial e de movimentos de descolonização. Na nossa história a tentativa pela dizimação das pedagogias ancestrais, indígenas, afro-brasileiras e africana é e continua sendo praticada, pouco se discute a prática pedagógica antirracista nas escolas. No decorrer dos últimos 18 anos, as Leis Federais n.º 10.639/2003 e 11.645/2008 instituíram a obrigatoriedade de ensino da história e cultura africana, afro-brasileira e indígena nas escolas brasileiras. Essas leis foram promulgadas a partir de uma complexa luta de inúmeros movimentos socioculturais. Mesmo após anos de lei, é comum o silenciamento desses saberes em nossos currículos, permanecendo de forma bem acentuada a cultura eurocêntrica, o ensino voltado para a pedagogia colonizadora, sofremos com a dominação europeia e vivemos o momento chamado de colonialidade. Quando a educação não dialoga com a diversidade epistêmica, não há como romper com a lógica colonial existente em nossa educação. Como consequência dessa hegemonia branca em nosso currículo temos uma aderência ao opressor de Paulo Freire. Isso nos conduz a uma auto-desvalia que para Paulo Freire “é [uma] característica dos oprimidos. Resulta da introjecção que fazem eles da visão que deles têm os opressores. De tanto ouvirem de si mesmos que são incapazes, que não sabem nada, que não podem saber, que são enfermos, indolentes, que não produzem por tudo isto, terminam por se convencer de sua ‘incapacidade’” (FREIRE, 1972, p. 69). Com isso a temática deste trabalho está voltada para refletir sobre a importância da descolonização dos currículos escolares. A questão da descolonização ganha destaque nesta pesquisa por se constituir como um caminho para buscar extinguir a educação que impera nas escolas onde valores e concepções racistas que marginalizam a diferença, colocando-a como antieducação e anticonhecimento precisa ser combatida. Desta forma, o estudo buscará responder a seguinte problemática: quais meios são necessários para que a descolonização dos currículos escolares aconteça de fato em nossas escolas? Para responder a esse questionamento, o presente trabalho consistirá em uma revisão bibliográfica, na qual o procedimento metodológico adotado se findará como uma pesquisa qualitativa e descritiva, que visa analisar o que os livros, artigos e periódicos relatam sobre o tema proposto. Para tanto, a pesquisa será desenvolvida a partir de referenciais em diálogo com escritos de SANTOS (2010), GOMES (2012) e FREIRE (1972) dentre outros autores que discorrem sobre essa questão. Este trabalho visa contribuir com os estudos sobre a descolonização do currículo escolar, bem como discutir caminhos para essa descolonização visto que hoje os grupos tradicionalmente excluídos da sociedade tem maior acesso à Educação Básica, porém seu avanço e sucesso estão condicionados, pois, ainda não se encaixam no ensino padrão construído e reproduzido para a elite. A sala de aula deve tornarse um espaço onde todos se sintam representados e suficientes para participar. Espera-se que a escola seja um ambiente da diversidade, local de troca de experiências e conhecimentos, onde cada um tenha a sua importância e relevância, ampliando assim o repertório cultural de todos de modo a proporcionar uma educação de fato libertadora.

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